segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Excertos d'Os Lusíadas


(ilha Terceira, Açores, uma das muitas ilhas descobertas por este povo)

1
Que da ocidental praia Lusitana,
(…)
Por mares nunca de antes navegados

4
E vós, Tágides minhas, pois criado
(…)
Porque de vossas águas, Febo ordene

19
Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteo são cortadas

31
Pelo mar alto, a qual sujeitaria
Da índia tudo quanto Dóris banha,
(...)

32
De quantos bebem a água de Parnaso.
(…)
D'água do esquecimento, se lá chegam
Os fortes Portugueses, que navegam.

43
O promontório Prasso já passavam,
Na costa de Etiópia, nome antigo,
Quando o mar descobrindo lhe mostrava
Novas ilhas, que em torno cerca e lava.
(...)

45
Cortando o longo mar com larga vela.
A gente se alvoroça, e de alegria
Não sabe mais que olhar a causa dela.
Que gente será esta, em si diziam,
Que costumes, que Lei, que Rei teriam?
(...)

48
Co'os panos e co'os braços acenavam
As gentes Lusitanas, que esperassem;
Mas já as proas ligeiras se inclinavam
Para que junto às ilhas amainassem.
A ,ente e marinheiros trabalhavam,
Como se aqui os trabalhos se acabassem;
Tomam velas; amaina-se a verga alta;
Da âncora, o mar ferido, em cima salta.

51
"Do mar temos corrido e navegado
Toda a parte do Antártico e Calisto,
Toda a costa Africana rodeado,
Diversos céus e terras temos visto;
Dum Rei potente somos, tão amado,
Tão querido de todos, e benquisto,
Que não no largo mar, com leda fronte,
Mas no lago entraremos de Aqueronte.

52
Por ele, o mar remoto navegamos,
Que só dos feios focas se navega.
(...)

55
Guiados pelas ondas sabiamente.
Também será bem feito que tenhais
Da terra algum refresco, e que o Regente
Que esta terra governa, que vos veja,
E do mais necessário vos proveja."
(...)

106
No mar tanta tormenta, e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
(...)

Canto II
19
Convoca as alvas filhas de Nereu,
Com toda a mais cerúlea companhia,
Que, porque no salgado mar nasceu,
Das águas o poder lhe obedecia.
E propondo-lhe a causa a que desceu,
Com todas juntamente se partia,
Para estorvar que a armada não chegasse

20
Já na água erguendo vão, com grande pressa,
Com as argênteas caudas branca escuma;
Cloto eo'o peito corta e atravessa
Com mais furor o mar do que costuma.
Salta Nise, Nerine se arremessa
Por cima da água crespa, em força suma.
Abrem caminho as ondas encurvadas
De temor das Nereidas apressadas.

Durante a famosa e longa epopeia de Luís Vaz de Camões, são diversas as vezes e até as formas que este refere a água. Mar, ondas, tágides, rio, lágrimas... Ficam aqui algumas dessas referências a este elemento essencial.

1 comentário:

Anónimo disse...

CORRECÇÃO:

"Luís VAZ de Camões, "