segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ouvir!!

Ouvir isto com urgência! e toda música de Lykke Li. Dá para escrever, desenhar, trabalhar! basicamente dá para tudo!

domingo, 8 de novembro de 2009

Tu, Meu Gato das Botas


(Paula Rego, titulo desconhecido)

Posso me dar ao luxo de dizer que te conheço como a palma da minha mão.

E não é por uma simples conversa em que se conta os desportos, a cor e até a música preferida. Sei que isso tu não tens.

Mas de ti conheço mais do que podemos imaginar.

Sei que és politicamente correcto e tens a mania que tens sempre razão. Gostas de ir na carruagem mais vazia, gostas de Freud e de refilar. Gostas de dar indicações aos turistas mesmo que o teu inglês não seja do melhor. Gostas de fingir que não vês pessoas com quem não queres falar. Gostas de passear sozinho pela nossa cidade e descobrir aqueles cantinhos deliciosos que depois com muito orgulho me apresentas. Gostas de imaginar os pensamentos das pessoas. Gostas do Verão e invejas as peles morenas no Inverno. Gostas de filmes a preto e branco e de descobrir artistas. Gostas de não parar um minuto. Gostas da torrada com pouca manteiga, e o café bem forte e por vezes frio. Gostas de hotéis baratos. Gostas de promessas adiadas e vives comigo muito do nosso passado. Gostas de trincar maças ou que trinquem por ti. Gostas da voz da experiencia mas tens sempre que contradizer. Gostas de massagens. Gostas de guardar segredos e das nossas trocas de olhares quando algo vem a baila. Gostas de te sentir acompanhado mesmo em silêncio, tal como de ouvir o punts punts durante o dia. Gostas de comer gomas. Gostas de bolas de espelhos e de uma boa companhia numa discoteca. Gostas de dizer “Sim” ou “Tou” mesmo antes de carregares no botão verde. Gostas de desmontar telemóveis ou deixa-los como recordações pelos sítios que passas. Gostas de comida saudável mas não despensas umas escapadinhas ao Mc donalds. Gostas de sal. Gostas de ter a casa só para ti. Gostas de beber pela garrafa e não dizes não a um bom vinho do porto. Gostas de adivinhar quem é o carteirista no autocarro. Gostas de gajas pequenas para te poderes sentir grande. Não largas as tuas botas e já foste viciado em ténis. Gostas de ir as compras e de ter a minha opinião. Gostas de me corrigir e mostras que sabes falar correctamente a nossa língua. Gostas de te ver ao espelho. Gostas de escrever no diário e de aprender sempre mais. Gostas de tirar uma boa fotografia e de captar os momentos que ficam para a eternidade. Gostas de receber cartas. Gostas de cachecóis. Gostas de dar conversa aos taxistas. Gostas de dormir as escuras e sem ter a televisão ligada, como também gostas de dormir nas salas de aula. Gostas de museus e de experimentar materiais novos. Gostas de inovar e estas sempre a magicar ideias que nem sempre concretizas. Gostas de manter o contacto com as pessoas que nem sempre vês. Gostas de tatuagens. Gostas das ondas japonesas. Gostas de viajar e o mar é uma das tuas paixões. Gostas de escrever no blogue mas não tens paciência para ler o dos outros. Gostas de me chamar de “Miúda”. Gostas de me contar fofoquices e adoras sabe-las. Gostas dos nomes Gonçalo e Kikas para os teus filhos. Gostas de brincar com isqueiros e com maços de tabaco. Gostas do teu e do meu apelido. Gostas do número 58, e o vês em tudo o sitio. Sei também que gostas do meu riso e gostas de mim. Tal como eu gosto de ti!

Podia ficar aqui a vida inteira a desvendar pequenos pormenores da tua pessoa, pois nunca acabam. Foram muitos os momentos que vivemos, e iram ser sempre mais.

Já te disse que iras ser o padrinho de um dos meus filhos? Que para a minha irmã será sempre o amigo das botas com aquela coisa esquisita na boca? Já te disse que muitos acham que nos namoramos? Que os nossos namorados terão sempre ciúmes da nossa relação? já te disse que és das poucas pessoas realmente importantes na minha vida? Que te amo?

Márcia Gromicho

Quero!


(françoise Niely)

Quero ser artista! Quero poder correr sem correntes. Quero voar, voar sem esbarrar contra uma rede de borboletas. Quero fugir para bem longe deste buraco. Mesmo que para outro buraco. Quero encontrá-lo. A esse local distante que se transformará na minha vida. Ou na tentativa de uma. Quero. Não sei se consigo. Ou se existe força para tal, mas sei que quero. Contudo continuo a escavar neste buraco. Por que será?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A propósito da pintura de Isabel Botelho


A propósito da pintura de Isabel Botelho Risoleta Pedro escreveu:

"O espaço é ocupado pelo espaço, o horizonte é sempre longe ou não existe. É uma pintura de silêncio e despojamento, um subtilíssimo toque de humor, às vezes. Sem o ruído dos risos, quase sem o movimento dos lábios, apenas um imperceptível, quase invisível brilho do sorriso. E luz. Muita luz. Natural ou dos candeeiros. Mas sempre.

Nuvens, mar, céu, pássaros. Comboios, aviões. Sinaléticas. Um ou outra casa. Longínqua. Pessoas lá dentro? Talvez. Não se vêem. Parece não importar muito. Se estão lá dentro, não existem, ou são invisíveis, silenciosas, imóveis. Esta é uma pintura de pessoas invisíveis, talvez transformadas em nuvens, talvez escondidas no mar. Mas isto já é especulação de quem escreve.

É, em dúvida, uma pintura boa para se entrar. Quando estiver insuportável aqui no meio da gente, quero entrar nesta pintura, que é uma espécie de refúgio. Ou de utopia. No sentido primordial, do não espaço. Pela quase exclusividade dele. O Universo novamente espacial, novamente limpo, novamente silencioso. Uma espécie de retorno a um Paraíso moderno. Sem maçãs. Logo, sem perigos, sem ameaças de expulsão. Mas… será possível entrar num sítio de onde não é possível sair? Ou, dito de outro modo: ser-se expulso será a única forma de se sair de um paraíso? Será possível sair de um paraíso sem ser necessário ser-se expulso?

António Botelho, a propósito desta pintura, fala de essência e vazio.

Eu falo do mesmo. Por outras palavras. Com mais palavras. Ele disse tudo com duas."

Gostaria de agradecer muito à professora Risoleta!

domingo, 20 de setembro de 2009

Estou confuso

Estou confuso. Não sei o que fazer. Se correr pela rua se rebolar pelas dunas. Fugir para longe e procurar-te. Sei onde estás. Não sei é onde me encontro. Procuro. Quase profundamente por ti. Espero não te encontrar na fogueira. Nem mesmo apenas ver a tua alma. Espero não me encontrar a mim por cima das labaredas. Vem, espelho de água. Não sei se mais nove anos se 9 segundos bastam. Ou talvez muito. Um texto confuso. Mais, quero mais. Saber mais. Avançar com o passado e relembrar o futuro. Em nós vive a arte, de ser parte. Um mundo melhor. Apenas ser feliz. Mas sobretudo quero te a ti. Feliz. Promete-me isso. Estejas lá onde estiveres promete.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sinto saudades


(juntos entrelaçamos as nossas vidas que não se cansam de se cruzar, fotografia de Rivera)

Se há sentimento mais fácil de reconhecer é a saudade. Saudades do quer que seja.

Eu, e porque apenas posso falar dos meus sentimentos, sinto saudades de ti, amiga. Saudades das conversas que atravessavam as tardes no Vértido. Saudades do teu riso patético. Saudades de sentir o fumo decadente do teu cigarro das 8 e meia da manhã enquanto tomava café na esplanada. Saudades de que alguém me ouça a reclamar e que mesmo sendo eu repetitivo não te canses. Saudades do jantar do Nood onde te fiquei a conhecer. Saudades de andar no metro para casa e onde não me lembro de 10 segundos em silêncio. Saudades de ter alguém à minha espera à porta da escola. Saudades de todas as memórias destes três anos, que em apenas uns minutos me estão a passar todas pela cabeça, como se flechas fossem.

SIM, já passaram três anos e eu não os aproveitei como queria. Foram rápidos. Por favor, faz comigo com que não se resuma a três anos de secundário.

Do Porto a Lisboa são umas horas de viagem e eu farei essa viagem as vezes que forem necessárias. Para eu falar ou para te ouvir! TE GARANTO.

Um beijinho e não te esqueças, eu amo-te, Márcia, monga

Afonso Botelho

Ps: Daqui a uns anos quero ouvir o senhor que se encontra na mesa da esplanada ao meu lado a falar da ourives Márcia Grómicho, que ganhou um concurso internacional….

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Recomeçar


Para mim o ano não acaba dia 31 de Dezembro nem começa dia 1 de Janeiro.
O ano termina quando, de carro ou de comboio, abandono o calor tórrido do Algarve e regresso ao clima "betónico" de Lisboa.

Este ano essa mudança fez-se mais cedo do que o habitual... Regressei mesmo antes das September seasons. Esta antecipação deveu-se ao facto de este mês recomeçar o estágio que estou a realizar e que deixei a meio em Agosto.

Volto a dar sinais de vida assim que achar necessário....

ps: Não perder a exposição que termina já dia 13 de Setembro, "REMADE IN PORTUGAL". No museu da electricidade, mesmo junto ao Tejo, estão expostas alguma peças dos melhores designers portugueses de eco-design.

domingo, 31 de maio de 2009

Obrigatório



ATENÇÃO: é obrigatório ouvir a música ao mesmo tempo que se lê os textos.

sábado, 30 de maio de 2009

O início de muita coisa

(smells like goodbye, affonso, márcia e inês)


O início de muita coisa. Apenas o inicio. É o que chamo ao blogue. O meu primeiro blogue. A descoberta da literatura. A descoberta da poesia, dos romances, das histórias e até das estórias. Foi apenas o início. Não pretendo dar por terminado este trabalho, a que chamo de vida. Porque mais do que um simples trabalho de português, este blogue também foi o “meu querido diário”, onde desabafei, escrevi, pensei e até citei.

Uma manifestação de alegria, ou de tristeza, de cansaço ou de vontade por querer mais. Este foi e será para sempre o meu primeiro trabalho no mundo da internet.

Passei pelo Pessoa (e todos os seus acompanhantes), pelo Stau Monteiro, Sophia de Mello Breyner Andresen, Camões, até chegar a Saramago. Foi para mim uma crescente vontade de ler e escrever mais. Uma vontade aguda de me expandir e mostrar ao mundo um pouco daquilo que sou.

Lembro-me da primeira vez que escrevi para português neste ano lectivo. Falei sobre o meu sobrinho comparando com “Vós, Tenro e novo ramo florescente”. Hoje já tenho mais de sessenta e sete posts escritos. Uns melhores outros piores, mas todos com a mesma vontade e empenho. Uma paixão que foi crescendo de forma inconsciente que pretendo que não morra aqui, após acabarem as aulas. Pretendo continuar a escrever e a escrever, sempre sem saber porque escrevo. Mesmo que saiba que assim me liberto apenas com o simples gesto de carregar nas teclas que barulhentas do teclado.

Gostaria apenas, para terminar de agradecer a todos aqueles que me leram, à minha professora, Risoleta Pedro, que me incentivou a escrever cada vez mais e melhor e um óptimo final de ano (lectivo está claro).

Muito Obrigado,

Afonso Botelho Santos

ps: infelizmente este post dá como acabado o trabalho de português do meu 12º ano de ensino secundário. O que significa que estou a terminar agora a escola. O fim de uma fase feliz. Doze anos a estudar. Doze anos feliz ou contente, mas sempre a aprender. Mas mais importante foram estes últimos três. Onde aprendi mais e mais. vivi novas experiencias. Cresci por fora e interiormente. Três maravilhosos anos. "Um projecto (...)acabado"! Não um adeus, mas um até amanha, pois em nós vive a arte.

domingo, 24 de maio de 2009

Uma multidão com necessidade de Gritar


(Imagem do dia da confusão)

É bastante visível a necessidade que a maior parte dos alunos da escola a que pertenço tem em se afirmar. Existem as formas mais estranhas para o fazer. Gritando, ostentando roupas diferentes, pensando de formas pouco comuns… são várias a formas, e a escola já possui fama disso.
Contudo sempre pensei que este forte espírito que chega mesmo a formar companheirismo e união entre todos os membros desta escola não fosse originar numa manifestação sem qualquer fundamento ou ideal para além da desordem e do manifestar única e exclusivamente pelo manifestar.
Só posso compreender e aceitar que aquele que foi uma das “vaias maiores que Sócrates recebeu” da parte de alunos do secundário, tenha sido uma necessidade conjunta de gritar de forma a desanuviar de todos os trabalhos e futuros exames a que estão obrigados.
Não consigo compreender como é que tantos alunos possam afirmar que o “governo fascista é a morte do artista” ou que “obra a obra a escola piora” quando existe um projecto, da parte desse governo a que chamam tal horror (mesmo não sabendo o seu significado), para renovar aquilo que se considera a maternidade das artes plásticas em Portugal, A Escola António Arroio.

Acho que agora só resta aos alunos da António Arroio pedirem desculpa……

sábado, 23 de maio de 2009

Jazz

(Louis Armstrong, autor desconhecido)


Nos estados unidos, nos anos entre as duas guerras mundiais, afirmou-se uma nova música. Da fusão de sons africanos e da cultura europeia (entre muitos outros), nasce aquilo a que hoje chamamos de jazz. É certo que explodiu nos bares clandestinos em Nova Orleães, onde anteriormente tinham nascido as primeiras orquestras de metais, mas rapidamente esta musica se espalhou por quase todos os ouvidos mundiais.

Rapidamente se formaram grupos de seis ou sete músicos que baseando-se na improvisação e um forte sentido de ritmo. Na América, enquanto se sofria com a Grande Depressão, o jazz triunfava e contaminava tudo e todos. Hoje em dia são poucos aqueles que a desconhecem.


Peço desculpa por este péssimo resumo de jazz, contudo não gostaria de deixar de dedicar um post deste blogue aquela aula de português. Obrigado pai e obrigado à professora.

Deixo agora um exemplo do que é isto, o jazz:


Miles Davis, "Time after time"




Estética Barroca


(quadro do músico Bach)

Sobre a corrente e a música barroca tinha escrito no meu caderno de anotações pessoais:

O barroco é uma corrente artística social que nasceu num período da história em que na Europa se vivia constantes crises. Pestes, crises agrícolas e por isso económica foram algumas das coisas que afectaram a sociedade desse período.

Contudo existiu uma necessidade da parte da sociedade em geral, em refugiar-se da crise festejando de forma a poder esquecer.

Tanto na postura das pessoas como em todas as formas artísticas da altura podemos observar uma estética teatral, que nasce precisamente do fingimento da pobreza e da miséria.

A teatralidade da ostentação, nasce uma estética riquíssima em ornamentos e de pormenores.

Este foi o pequeno texto que escrevi no autocarro enquanto me deslocava para casa, sobre a estética barroca. Contudo parece-me bastante resumido e um tanto ou quanto fraco.

Por isso escrevo agora um pouco mais sobre o que é, segundo os meus conhecimentos presentes, sobre as artes deste período.

A literatura deste período foi bastante influenciada por esta necessidade de ostentação e pormenorização. Existe como um desdobrar de um conjunto de histórias interligadas num único livro. Uma escrita circular rica em caracterização e adjectivação. É como se existisse um plano principal e um conjunto de planos secundários que se interligam conjuntamente uns aos outros de forma a se unificarem e formarem um livro apenas. Na forma de escrever em geral é também visível uma tentativa de alteração dos “modelos” até lá existentes.

Na música nasce aquilo que é considerado o melhor exemplo do conjunto que é as artes do espectáculo. A ópera. É também da característica de complexidade e pormenorização teatral que nasce esta nova visão de espectáculo. Um pouco de teatro, música e dança que interligados originam obras fantásticas.
Na música em geral, podendo realçar o nome de Bach, como um dos grandes deste período, é também visível a existência de um plano fulcral que é ramificado por vários outros planos. É como que na mesma música existam vários temas juntos que vão rodeando um principal. Um tema e variações da mesma.
É aqui que mesmo com uma distância de anos entre as duas correntes, podemos relacionar a música barroca com o Jazz.

Há um bater de remos compassado

Retrato do poeta quando jovem
(José Saramago)

Há na memória um rio onde navegam
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.

Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.

Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.

Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

É um facto que, para além do Memorial do Convento, nunca li nada sobre este escritor. Por essa mesma razão e por outras desconhecia a versatilidade deste português. Para além na originalidade da narrativa presente nos seus romances este escritor também já escreveu alguns bons poemas. Este especial sobre a água. E podemos verificar a existência de amor pelo H2O da parte de Saramago. Outra característica bastante presente neste poema é a frequente visão do povo, das classes inferiorizadas.