quinta-feira, 26 de março de 2009

Ai ai! aquele calor


Nasceu aquele calor que tanto adoro. Aquele calor que me faz despir. Aquele calor que me obriga a mergulhar. O calor que venero e que por mais que sue continuo a apreciar. O calor que me chama à praia. O calor que me faz lembrar o ano passado. O calor que faz gostar desta cidade.

A cidade que faz perder e a cidade que se perde em mim. A cidade que por vezes me faz fugir e a cidade que por vezes me agarra. Aquela cidade do eléctrico e a cidade das obras.

As obras da construção, que muito embora se apelidem de santa Engrácia fazem desta cidade uma das mais interessantes e únicas do mundo. A minha cidade com as suas construções e com o meu calor.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Peço Desculpa


(Trabalho de Juan Muños)


Existe sempre um esquecer momentâneo do nosso amor. Eu peço desculpa à água que bebo.


Último dos últimos


(Trabalho de Pepa Prieto)


Raras vezes há duas árvores iguais


Não me importo com as rimas.Raras vezes
Há duas árvores iguais,uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor.
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.

Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...


Alberto Caeiro


Publicado já dia 7 de Março

Um último Alberto Caeiro

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...

Alberto Caeiro

Publicado dia 7 de Março

Mais um Fernando Pessoa

(pintura de Skwak)

À margem triste do lago morto

Ó naus felizes, que do mar vago
Volveis enfim ao silêncio do porto
Depois de tanto nocturno mal -
Meu coração é um morto lago,
E à margem triste do lago morto
Sonha um castelo medieval...

E nesse, onde sonha, castelo triste,
Nem sabe saber a, de mãos formosas
Sem gosto ou cor, triste castelã
Que um porto além rumoroso existe,
Donde as naus negras e silenciosas
Se partem quando é no mar amanhã...

Nem sequer sabe que há o, onde sonha,
Castelo triste... Seu espírito monge
Para nada externo é perto e real...
E enquanto ela assim se esquece, tristonha,
Regressam, velas no mar ao longe,
As naus ao porto medieval...

Fernando Pessoa


Publicado dia 6 de Março

Who's Gonna Save My Soul





I got some bad news this morning
Which in turn made my day
When this someone spoke I listened
All of a sudden, has less and less to say
Ohhhhhh how could this be?
All this time, I've lived vicariously
Who's gonna save my soul now?
Who's gonna save my soul now?
How will my story ever be tollllld now?
How will my story be tollllld now?

Made me feel like somebody
Hmmm, like somebody else
Although he was imitated often
It felt like I was bein myself
Is it a shame that someone else's song
Was totally and completely dependant on
Who's gonna save my soul now?
Who's gonna save my soul now?
I wonder if I'll live to grow old now
Gettin high cause I feel so lowwwww down

And maybe it's a little selfish
All I have is the memory
Yet I never stopped to wonder-ahhhhh
Was it possible you were hurtin worse than me
Still my hunger turns to greeeeed
Cause what about what I neeeeeed?!
And OHHHH~! Who's gonna save my soul now?
Who's gonna save my soul now?
Ohhhh I know I'm out of control now
Oooh-oooh, tired enough to lay my own soul down

Uma música que eu não me canso de ouvir. que me acalma nos momentos em que a serenidade não existe em abundância. espero que gostem e que leiam ao mesmo tempo que ouvem! Ao mesmo tempo pergunto:
Quem irá guardar o meu som? Quem irá guardar a minha voz? A minha imagem? A minha saudade....

Talvez um relatório, não sei bem


(trabalho de Pepa Prieto)

Agarro-me a um lápis daqueles azuis que já me acompanham faz muito tempo.
Uma folha velha, com uns escritos por de traz. Nada de especial, parece-me.
Dentro de mim algo rodopia, roda, tudo gira. Não sei bem do quê que tenho que escrever. Talvez água, talvez sobre a minha vida, ou talvez sobre nada, como faço sempre, e como gosto sempre de fazer.
De repente os meus dedos gordos e pequenos largam o lápis e agarram-se àquele grande rectângulo subdividido por quadradinhos com letras diferentes cada um.
Começa a aparecer frases e frases quando me apercebo de que o texto já está publicado. Prossegue sempre com uma imagem, talvez da água. Gestos inconsciente que teimo em fazer.
Atitude rotineira que já há muito me habituei a fazer. Talvez para um trabalho de português? Nãaaao…. Talvez para desabafar? Não sei bem! Talvez seja mais uma das coisas que faço sem saber porquê! Talvez apenas um gesto de um moribundo que insiste em permanecer vivo neste mundo. Como muitos outros, que sem dormir e sem vivos estarem permanecem. QUERO ACORDAR! Quero viver a vida para no fim não dizer que devia ter…, podia ter…, já sou velho para…
Não quero viver a vida apenas por viver. Não quero ser mais um que escreve, ou mais um que escreveu. Quero ser aquele que é lido por aqueles que não sei que lêem.
Um relatório diferente do meu habitual. Talvez seja mais um desabafo do que um relatório, mas julgo ter conseguido mostrar aqui o meu desalento por todas as dificuldades da minha vida, que como será possível de imaginar só prejudicam os meus trabalhos diários.


Muito Agradecido,


Afonso Botelho Santos


Publicado dia 6 de Março

NÃO SEI!

Existe algo melhor que um copo de água depois de um dia inteiro enfiado naquelas salas velhas e moribundas? Salas de aula que em nada são transparentes! Nada melhor que um copo de água retirado daquelas garrafinhas "chiks". Digo "chiks" pois são garrafas pequeninas que pelo simples facto de se apresentarem num formato diferente e cheio de design são inflacionadas para o tripulo ou quadruplo do valor original (ou dito de original).
Nada melhor que um pouco de liberdade no meio de tanta confusão. Uma confusão imensa que insiste em permanecer dentro de mim. Uma enorme quantidade de confusões, de trabalhos e de realidades da minha vida.
Estou confuso. Não sei o que quero! NÃO SEI! Não sei o que fazer. Só me apetece desaparecer daquela escola que não teima em se afastar.

Publicado dia 6 de Março

existe curiossidade?


( Existe curiosidade? Affonso)

Detesto essa tua curiosidade apática...Não tens curiosidade em me conhecer?Saber quem eu sou de verdade, aquilo que penso e como reajo?Não queres saber o que eu gosto ou aquilo que detesto?Não queres saber se prefiro torradas ao pequeno almoço, ou uma tigela com Chocapic?Se os acompanho com um copo de leite ou com um sumo de laranja?Se prefiro Nescafé ou Nesquick?Qual a fruta que mais como, ou apenas... se como alguma fruta? Se prefiro tomar banho de manhã à pressa ou à noite com vagar?Se gosto de dar a mão ou ser abraçado.Se tenho cócegas ou se o teu toque me é indiferente.Não queres saber se prefiro adormecer contigo a mexer-me no cabelo ou dar-me beijos no pescoço? Não queres saber? Não queres ser curiosa?Só por uma vez... só hoje... só agora... só comigo.Fala! Por que é que não falas? Não queres saber porque te coloco tanta pergunta?Tu sabes, mas preferias não saber. Por isso é que usas essa tua curiosidade apática...E se eu te desse a resposta de uma ou duas perguntas, irias querer saber o resto?
Publicado dia 6 de Março