sexta-feira, 6 de março de 2009

Talvez um relatório, não sei bem


(trabalho de Pepa Prieto)

Agarro-me a um lápis daqueles azuis que já me acompanham faz muito tempo.
Uma folha velha, com uns escritos por de traz. Nada de especial, parece-me.
Dentro de mim algo rodopia, roda, tudo gira. Não sei bem do quê que tenho que escrever. Talvez água, talvez sobre a minha vida, ou talvez sobre nada, como faço sempre, e como gosto sempre de fazer.
De repente os meus dedos gordos e pequenos largam o lápis e agarram-se àquele grande rectângulo subdividido por quadradinhos com letras diferentes cada um.
Começa a aparecer frases e frases quando me apercebo de que o texto já está publicado. Prossegue sempre com uma imagem, talvez da água. Gestos inconsciente que teimo em fazer.
Atitude rotineira que já há muito me habituei a fazer. Talvez para um trabalho de português? Nãaaao…. Talvez para desabafar? Não sei bem! Talvez seja mais uma das coisas que faço sem saber porquê! Talvez apenas um gesto de um moribundo que insiste em permanecer vivo neste mundo. Como muitos outros, que sem dormir e sem vivos estarem permanecem. QUERO ACORDAR! Quero viver a vida para no fim não dizer que devia ter…, podia ter…, já sou velho para…
Não quero viver a vida apenas por viver. Não quero ser mais um que escreve, ou mais um que escreveu. Quero ser aquele que é lido por aqueles que não sei que lêem.
Um relatório diferente do meu habitual. Talvez seja mais um desabafo do que um relatório, mas julgo ter conseguido mostrar aqui o meu desalento por todas as dificuldades da minha vida, que como será possível de imaginar só prejudicam os meus trabalhos diários.


Muito Agradecido,


Afonso Botelho Santos


Publicado dia 6 de Março

1 comentário:

Anónimo disse...

Um relatório... da crise? Do trabalho enquanto testemunho da crise?
R