segunda-feira, 10 de novembro de 2008

E tu, Tágide minha

(Terceira, Açores)


E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene.



E tu, Tágide minha. Por que me fazes sorrir como quem sorri para o pôr-do-sol a esconder-se no mar longínquo? Por que gosto de te querer, como quem gosta de beber um copo de água para saciar a sua sede?

Tal como iniciei este blogue, não escrevo para ti. Não escrevo para ninguém. Mas é meu dever (meu gosto) informar que escrevo muitas vezes a pensar que bebes da minha literatura.

Poderá o amor eterno da água pela terra ser comparado com o amor eterno de Inês e Pedro?

Considero que sim. Só por essa razão poderei eu considerar possível que estes se mantenham constantemente juntos. Constantemente em guerras por praias. Constantemente em carícias ondulantes sobre a areia fina e branca. Constantemente a amarem-se sem que nada os altere, sem que nada interfira no seu amor (nem mesmo a reposição de areias, embora alguns o afirmem).

“Foi de mim vosso rio alegremente” depositar toda a minha estabilidade. Toda a minha alegria. Toda a minha existência.

Poderá o meu amor por ti ser considerado semelhante ao amor referido por Camões?

Não vejo por que não. Amor pelas descobertas, amor pela água. Amor pelas viagens eternas sem fim avistado. Amor eterno que todos desejamos, mas que não alcançamos, mas sim fingimos. Amor de Camões. Amor por ti.

Amor por ti...

1 comentário:

Anónimo disse...

CORRECÇÃO:
“[…] POR QUE me fazes sorrir como quem sorri […]
POR QUE gosto de te querer, como quem gosta de beber um copo de água para saciar a sua sede? […]
Não vejo POR QUE não[…]”

Nestes casos, porque se trata da interrogativa (poderias até escrever “por que razão” ou “por qual razão”) deves separar o “por” do “que”.