sexta-feira, 1 de maio de 2009

Última flor do Lácio



(Gerbérias, autor desconhecido)
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...


Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,


Em que da voz materna ouvi: "Meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
Olavo Bilac

A expressão "última flor do lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema de Olavo Bilac. Poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Este verso é utilizado para designar a nossa língua: a última flor é a língua portuguesa, considerada a ultima das filhas do latim. O termo "inculta" simboliza todos os erros, escritos e falados, de todos aqueles que a maltratam, mas que contudo continua a ser "bela".

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